A gramática do português “errado”

Muita gente acha que há um único jeito certo ou correto de se falar uma língua. Muita gente também acha que os jeitos que não são os “certos” ou “corretos” são desprovidos de regras ou de gramática. É bastante comum encontrarmos pessoas que acham que “falar errado” é falar sem gramática ou que existe uma fala sem gramática. Bom, isso está incorreto e equivocado, pois não é possível falar sem regras! Toda variedade, todo falar tem suas regras, que podem ser mais ou menos próximas das regras do que é considerado “correto”, “certo” ou, para usar um termo técnico, padrão.
Um rápido olhar sobre a história de qualquer língua mostra que o que era considerado errado ontem é, na imensa maioria das vezes, o correto de hoje – isso se dá porque qualquer uma das formas que chamamos de certo ou de errado têm regras, elas apenas não são as mesmas. Nosso objeto é simplesmente mostrar a gramática ou as regras por trás do que se considera (hoje, mas nunca se sabe amanhã) errado. Vocês verão que tudo o que é taxado de errado, feio, incorreto, não-padrão tem sua gramática e que falar uma língua, seja em que variedade for, significa dominar essas regras, saber essa gramática.